segunda-feira, 28 de julho de 2008

PERMANECER

Onde estão minhas palavras
Quando preciso desesperadamente delas?
Onde elas foram rabiscar-se
Quando as quero nesta folha solitária e branca
O dia foi longo e cansativo
O sol se mostrou e se escondeu tantas vezes que perdi as contas
Eu conto os dias nesse caminho em que sigo
Eu o vejo escuro
Eu não enxergo o futuro
Eu nem sei mais se acredito na sua existência
Dizem-se que devo ter paciência
Que devo esperar e ter fé
Amanhã a montanha será uma campina diante de mim
Que as trevas tornar-se-ão em luz
E o desespero em esperança
O choro em riso
Minha alma acalanta a promessa
Bebe dela como se tivesse vagado inssana e só anos a fio pelo deserto
Mas eu temo...
Eu temo acreditar, e ainda assim acredito
Eu temo ter fé, e ainda assim eu tenho
Eu tenho pressa, e quero ver depressa o fim das coisas
E ainda assim... espero pacientemente...
Minha natureza rebelde remoe-se nas minhas entranhas e grita
E quer respirar e ser livre
E quer abrir as asas e voar sem remorsos nem arrependimentos
Quer seguir sem olhar para trás sem importar-se
Meu coração bate apressado e pede urgente pela quebra dos grilhões
Mas a razão... que sempre me teve prisioneira
Que sempre ditou meus caminhos
Pavimentou minhas estradas e conteve meus impulsos
Ela me faz esperar... ela me faz curiosa
O amanhã trará a luz de volta? Trará a campina e o fim da estrada?
Então eu permaneço...
Eu abro os olhos imensamente e espero, espero e espero...
Eu temo, que a espera traga não a descoberta
Eu temo esperar e esperar em vão, mas aida assim persisto
Eu temo que  fé esmaeça com o passar do tempo, mas ainda assim creio
Eu tenho pressa, eu nada vejo apesar dos meus esforços
E ainda assim
Por enquanto eu nada vejo.
Disseram-se que ha de vir um novo caminho
Uma nova estrada
Cheia de respostas de vitórias e sorrisos
Eu sei... parece insensato esperar assim constantemente...
Como quem toda a tarde assiste ao sol encontrar o oceano no horizonte
Como se fosse possível ouvir o crepitar do fogo ao encontrar-se com as águas...
Parece absurdo, caminhar a vida toda por um caminho
Acreditando que um dia... uma manhã qualquer
Este caminho tornar-se-á novo
Mas apenas parece...
Há ainda a certeza... e nesta certeza...
Apenas este meu... permanecer.

Ceres Xisto

Nenhum comentário: